A beleza da própria companhia

A beleza da própria companhia

Há poucos dias retornei de um fim de semana prolongado em Copenhague apenas comigo mesma, o que me fez muito feliz, renovou energias e me encheu de ótimas reflexões. Gosto muito de estar sozinha e passar tempo na minha companhia. Esse respiro do convívio com outras pessoas e de atividades sociais é muito necessário para meu funcionamento saudável. Acho que sou assim desde sempre. Talvez seja um traço de personalidade, talvez seja de criação, talvez seja um pouco de ambos.

Houve um tempo da minha vida em que eu ia pra casa depois do trabalho na sexta-feira à tarde, tomava banho e sentava para ler. Só parava quando o livro acabava ou quando tinha sono demais para continuar. No segundo caso, acordava no sábado de manhã e retomava a leitura. Aquele era um momento só meu e era um dos poucos porque minha rotina era estruturada de forma a estar interagindo com pessoas na maior parte do tempo.

Em 2011 fiz um intercâmbio em Londres. Foi minha primeira viagem internacional. Planejei, organizei e decidi tudo por conta própria. Viajei sozinha. Fiquei com medo e, por vezes duvidei se daria certo, mas o sentimento de conquista quando aconteceu até hoje é difícil de descrever. Essa sensação de independência para realizar sonhos, grandes ou pequenos, ainda é uma das coisas que mais me move e me traz felicidade. Só aprendi a dividir esses momentos com outras pessoas quando entendi que era capaz de vivê-los sem ninguém.

Em 2013, quando fui morar sozinha na França, assimilei ainda melhor o quanto ter momentos de solitude era importante e necessário para o meu bem-estar. Além disso, coloquei mais intenção em criar momentos assim, ao invés de sempre procurar companhia. Nessa época, nem conhecia muita gente por lá ainda, então muitas vezes a escolha era entre fazer algo sozinha ou deixar de fazer por falta de alguém para me acompanhar. E não viver todas as experiências que eu queria não era uma opção para mim.

Não estou dizendo que é fácil porque não é, principalmente até a gente pegar a prática. O medo da solidão, do julgamento dos outros, de entrar em um restaurante lotado e pedir uma mesa pra um. Tudo isso pode ser extremamente assustador no início. Ouvimos constantemente que somos seres sociais, que andamos em grupo, que companhia é importante. Demorei muito para ter coragem de fazer certas coisas sozinha, enquanto outras foram mais naturais desde o início. Hoje tem muito pouco que deixo de fazer por falta de companhia.

Eu associava muitas experiências a algo a ser feito exclusivamente com outras pessoas e não me permitia viver isso por conta própria. Agora vejo que é uma das experiências mais libertadoras na vida. A habilidade de viver algo sem depender de absolutamente ninguém é incrível. Além disso, acredito que sozinhos experimentamos o mundo de forma diferente do que acompanhados. Percebemos outras coisas, prestamos mais atenção, nos permitimos reflexões que talvez sejam interrompidas ou influenciadas por outras pessoas, temos uma percepção que é mais nossa e menos do outro.

Eu apenas recomendo a todo mundo que tente. E, se não gostar, tente de novo. Talvez seja como sushi que me disseram que é preciso experimentar, pelo menos, três vezes antes de chegar a uma conclusão definitiva. Eu levei mais de dez tentativas para gostar. De sushi, quero dizer.

Minhas atividades preferidas na minha própria e adorável companhia:
Cinema: essa é nível fácil, a menos que seja filme de terror. Nesse caso, recomendo ir com alguém. Talvez até uma galera mesmo.
Eventos esportivos: jogos de futebol, de rugby e de hockey foram os que mais fui sozinha na vida, desde a época dos jogos do Brusque FC há quase vinte anos.
Combo leitura em um café: adoro encontrar um lugar para beber café e ler um livro.
Restaurantes ou bares: eu amo comer e beber, então nunca vou depender de ninguém pra fazer isso.
Viagem: mais complexo, mas uma das melhores. Viajar sozinha é tudo de bom e simplesmente incrível. Requer um pouco mais de coragem, mas o sentimento de realização é proporcionalmente maior.

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